Marcus Vitruvius Pollio foi um arquiteto e engenheiro romano, que viveu no século I a.C., no período do Imperador Augusto. Vitrúvio deixou como legado uma obra em 10 volumes, aos quais deu o nome de De Architectura (aprox. 40 a.C.). Essa obra se constitui no único tratado europeu do período grego-romano que chegou aos dias atuais, sendo inspiração aos elementos arquitetônicos e estéticos das construções.
Vitrúvio inicia sua obra abordando a formação e a educação do arquiteto. Vitrúvio via no arquiteto uma pessoa que detém conhecimentos sobre as mais diversas ciências e artes, consideradas na época como “verdadeiras”, plausíveis. Geometria, História, Matemática, Música, Medicina, e até mesmo a Astronomia, deveriam ser conhecidas pelo arquiteto, que, ao contrário de outros profissionais, não deveria se especializar em um único tema, mas abranger diferentes áreas do conhecimento humano. Na verdade, o caráter geral da formação do arquiteto, fundamentada por Vitrúvio, decorre do contexto no qual surgiu essa profissão, e também a figura que hoje entendemos como engenheiro. De modo sucinto, a palavra arquiteto vem do grego arkhitektôn que significa "o construtor principal" (arqui = principal / tectônica = construção) ou "mestre de obras". Na comparação com a profissão de engenheiro, o arquiteto, desde sua origem esteve envolvido com as "Belas Artes" mais profundamente. Por sua vez, a palavra engenheiro decorre da palavra latina ingenium, derivada da raiz do verbo gignere, que significa gerar, produzir, isto é, o engenheiro é o encarregado da produção.
O trabalho no campo das Artes baseia-se na busca da produção perfeita das coisas, ou seja, a padrões estéticos aceitos pelo homem como adequados e que envolvem a simetria, a proporção e o ajuste das dimensões e formas aos modelos pretendidos e esperados. E que tem como base a inspiração encontrada na natureza, que confere soluções singulares para função e forma dos seres vivos.
Nesse sentido, a influência de Vitrúvio se fez presente em grandes artistas da Renascença. A busca pela forma perfeita das coisas está fortemente presente no trabalho do renascentista Leonardo da Vinci, em especial no seu trabalho O Homem Vitruviano.
O homem vitruviano (ou homem de Vitrúvio) é um conceito apresentado por Vitrúvio no livro De Architectura. Tal conceito é considerado um cânone das proporções do corpo humano, segundo um determinado raciocínio matemático e baseando-se, em parte, na divina proporção. O homem descrito por Vitrúvio apresenta-se como um modelo ideal para o ser humano, cujas proporções são perfeitas, segundo o ideal clássico de beleza. A proporção áurea ou divina proporção (ou número de ouro, número áureo, ou ainda proporção dourada) é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega φ (phi) e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618.
A divina proporção, ou proporção áurea, é uma razão que há muito é empregada na Arte, sendo frequentemente utilizada em pinturas renascentistas, como as do mestre Giotto e nos trabalhos de da Vinci. Este número está envolvido com a natureza do crescimento. Phi (não confundir com o número Pi, ou simplesmente π), como é chamado o número de ouro, pode ser encontrado na proporção em conchas, como o nautilus, por exemplo.
Nos seres humanos, o tamanho das falanges, ossos dos dedos, e a distância entre as falanges, por exemplo, seguem essa proporção.
Dessa forma, encontra-se uma solução esteticamente aceita devido a proporcionalidade das dimensões e simetrias, ou assimetrias constantes, repetidas. O processo de repetição, proporcional das dimensões guarda singular aceitação na natureza. Seu uso, a partir das Artes, transposto à Arquitetura e Engenharia, permitiu encontrar soluções não apenas satisfatórias do ponto de vista estrutural, mas únicas, elegantes e esteticamente aceitáveis.
Essa incrível busca pela elegância e beleza é antiga e promove uma influência decisiva nas estruturas construídas atualmente. A proporção real, Vitruviana, está presente, muito antes do próprio Vitrúvio em si, na história da humanidade. De fato, a razão áurea está presente, por exemplo, na fachada do Pártenon, na Grécia, que segue quase perfeitamente essa razão entre largura e altura. Também o quociente entre a altura da face lateral e da metade da aresta da base da pirâmide de Gizeh, no Egito, é exatamente igual à razão áurea.
Nos dias atuais, as estruturas com formas inspiradas na natureza, e com curvas ´"máginas são cada vez mais comuns, mesmo que para isso o custo estrutural seja muito maior. Se não por razões estéticas, muitas estruturas construídas hoje não encontrariam explicações.