Publicado em 21 de Fevereiro de 2011
Já não é de agora que os empresários sinalizam a grande dificuldade de encontrar profissionais qualificados para determinadas áreas, em especial engenheiros. Atento às reivindicações dos empregadores, o governo federal pretende lançar, até abril, a segunda etapa da Política de Desenvolvimento da Produção (PDP2) que, entre outras metas, deverá contemplar a formação profissional e técnica para setores estratégicos que tendem a crescer nos próximos anos, como a construção civil e a área de petróleo e gás.
- Sem sombras de dúvida, o nível técnico médio é o segmento que mais carência apresenta, mas também estamos com falta de profissionais de nível superior. Soldadores, eletricistas, encanadores, pintores industriais, instrumentistas, caldereiros, técnicos de enfermagem, inspetores de qualidade, além de engenheiros em geral estão em falta no mercado - diz Quintela, da Sampling Planejamento.
Segundo o empresário, o Brasil precisa investir muito e rapidamente nas escolas técnicas, estimulando os jovens para suprir o déficit de mão de obra que já existe e está crescente. Ele aponta também que geólogos, geógrafos, enfermeiros, biólogos e especialistas em tecnologia de petróleo e gás estão entre os mais requisitados pelas empresas.
Levantamento da CNI aponta que há uma grande procura por novos profissionais nos seguintes setores:
alimentos (engenheiros de alimentos e técnicos e químicos de desenvolvimento);
construção civil (engenheiros e trabalhadores da construção civil);
confecção do vestuário (trabalhadores da confecção);
metal mecânica (técnicos em mecânica e operadores);
eletro-eletrônica (técnicos);
calçados (técnicos e designers);
petróleo e gás (engenheiros e soldadores);
indústria automotiva (técnicos e operadores);
indústria química (químicos e técnicos de desenvolvimento e operadores de produção);
celulose e papel (técnicos e operadores de produção);
indústria têxtil (engenheiros e técnicos);
móveis (supervisores de produção e designers);
metalurgia e siderurgia (engenheiros de materiais e de automação);
e setor sucroalcooleiro (engenheiros e técnicos de laboratório).
Segundo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, há um sentimento de urgência por parte do governo no sentido de definir a PDP2 e a CNI vai contribuir muito para isso. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, informou que o fórum colherá e ordenará as contribuições da indústria até o final de fevereiro, e as encaminhará ao Ministério do Desenvolvimento e ao BNDES em 1º de março.
Embora tardia, a iniciativa do governo é um dos caminhos para evitar o apagão de mão de obra nesses setores, afirma Fernando Quintela, CEO da Sampling Planejamento, empresa especializada em consultoria e treinamentos nas áreas de petróleo e gás, segurança do trabalho, saúde ocupacional e meio ambiente:
- Sem capacitação, o Brasil sofrerá uma carência significativa e comprometedora de mão de obra especializada. Com isso, a economia do país poderá necessitar de importação de profissionais.
E foi justamente a necessidade de formação de mão de obra especializada que fez com que os ministros da Educação, Fernando Haddad, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, se reunissem esta semana para discutir as linhas gerais do que está sendo chamado de plano nacional de acesso à educação profissional.
Haddad acredita que o MDIC poderá oferecer os subsídios sobre os cursos técnicos prioritários, já que tem o mapeamento das demandas do setor privado, das fronteiras de expansão e do parque produtivo.
Após o encontro com o colega do MEC, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, ressaltou que a escola técnica é o gargalo imediato e assinalou que o governo terá política para as atuais necessidades do mercado, mas também terá planejamento a longo prazo, para os próximos quatro ou cinco anos.
Além do ensino técnico, o ensino superior também está entre as preocupações do governo, diz Haddad, acrescentando que o MEC conhece as deficiências na área de formação em engenharia. Ele afirma que há muitos brasileiros dispostos a cursar engenharia, mas a capacidade de absorver alunos é menor do que a demanda do mercado. O ministro ressalta que, se regionalizarmos, verifica-se que há estados que são fronteiras de expansão industrial, mas sem oferta de engenharias.
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