segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Falta de engenheiros ameaça crescimento. Ministro defende formação tecnólogica
Fonte: Agência Brasil & Instituto de Engenharia
“Está faltando engenheiros no mercado de trabalho e faltará mais ainda”. O alerta é de Marcos Túlio de Melo, presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), que reúne profissionais dessas áreas além de geólogos e meteorologistas. Para ele, “o apagão de mão de obra poderá trazer graves consequências para a economia brasileira”.
Em seu cálculo, o déficit é de 20 mil engenheiros por ano, número que poderá aumentar com a demanda dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Programa Minha Casa, Minha Vida; além da exploração de petróleo na camada pré-sal; das Olimpíadas de 2016 e da Copa do Mundo de 2014.
Segundo Melo, a queixa recorrente da Federação Internacional de Futebol (Fifa) é de que os projetos para a Copa de 2014 estão atrasados. Em sua opinião, faltam engenheiros para empreender projetos básicos e executivos. Ele ressaltou que alguns estádios-sede para a Copa foram projetados no exterior.
A importação de projetos e a contratação de mão de obra de fora preocupam não só os engenheiros, mas também o governo. “Isso pode ser viável desde que haja reciprocidade e tenha oportunidades de negócios para empresas brasileiras no exterior”, disse ontem (22) o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, durante encontro organizado pelo Confea em Brasília.
Mercadante defende que a falta de engenheiros seja suprida por tecnólogos com formação mais curta do que o bacharelado em engenharia. A ideia não é apoiada pelos engenheiros e causou “burburinho”, nas palavras do ministro, entre os profissionais, ao ser defendida no encontro.
“O Brasil vai ter que acelerar a formação desse profissional que está fazendo falta no mercado”, insistiu Mercadante que contabiliza a formação de 10 mil tecnólogos e 30 mil engenheiros anualmente no país.
Mas, para o presidente do Confea, a entrada de tecnólogos no mercado de trabalho em substituição a engenheiros, por falta de mão de obra, não é o ideal. Melo apresentou outra opção: aproveitar engenheiros formados que não atuam na área e oferecer mestrado profissionalizante para a atualização profissional. Em sua conta, um terço dos cerca de 475 mil engenheiros formados no Brasil não trabalha na área.
Além disso, Melo quer que haja políticas públicas para diminuir a evasão dos cursos de engenharia e mais controle do Ministério da Educação sobre a qualidade dos cursos.
Mercadante disse que o governo trabalha na elaboração de um programa nacional para engenharia. Segundo ele, o Brasil forma um engenheiro a cada 50 pessoas que concluem o curso superior. Na Coreia do Sul, esse número é de um engenheiro para quatro graduados; e, no México, a relação é de um engenheiro para 20 graduados.
Em números absolutos, o Brasil também perde para outros países emergentes. Na Coreia, 90 mil engenheiros são formados por ano; na Índia, 220 mil; e, na China, 650 mil (incluindo-se, neste caso, 250 mil que têm formação assemelhada ao dos tecnólogos).
“Está faltando engenheiros no mercado de trabalho e faltará mais ainda”. O alerta é de Marcos Túlio de Melo, presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), que reúne profissionais dessas áreas além de geólogos e meteorologistas. Para ele, “o apagão de mão de obra poderá trazer graves consequências para a economia brasileira”.
Em seu cálculo, o déficit é de 20 mil engenheiros por ano, número que poderá aumentar com a demanda dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Programa Minha Casa, Minha Vida; além da exploração de petróleo na camada pré-sal; das Olimpíadas de 2016 e da Copa do Mundo de 2014.
Segundo Melo, a queixa recorrente da Federação Internacional de Futebol (Fifa) é de que os projetos para a Copa de 2014 estão atrasados. Em sua opinião, faltam engenheiros para empreender projetos básicos e executivos. Ele ressaltou que alguns estádios-sede para a Copa foram projetados no exterior.
A importação de projetos e a contratação de mão de obra de fora preocupam não só os engenheiros, mas também o governo. “Isso pode ser viável desde que haja reciprocidade e tenha oportunidades de negócios para empresas brasileiras no exterior”, disse ontem (22) o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, durante encontro organizado pelo Confea em Brasília.
Mercadante defende que a falta de engenheiros seja suprida por tecnólogos com formação mais curta do que o bacharelado em engenharia. A ideia não é apoiada pelos engenheiros e causou “burburinho”, nas palavras do ministro, entre os profissionais, ao ser defendida no encontro.
“O Brasil vai ter que acelerar a formação desse profissional que está fazendo falta no mercado”, insistiu Mercadante que contabiliza a formação de 10 mil tecnólogos e 30 mil engenheiros anualmente no país.
Mas, para o presidente do Confea, a entrada de tecnólogos no mercado de trabalho em substituição a engenheiros, por falta de mão de obra, não é o ideal. Melo apresentou outra opção: aproveitar engenheiros formados que não atuam na área e oferecer mestrado profissionalizante para a atualização profissional. Em sua conta, um terço dos cerca de 475 mil engenheiros formados no Brasil não trabalha na área.
Além disso, Melo quer que haja políticas públicas para diminuir a evasão dos cursos de engenharia e mais controle do Ministério da Educação sobre a qualidade dos cursos.
Mercadante disse que o governo trabalha na elaboração de um programa nacional para engenharia. Segundo ele, o Brasil forma um engenheiro a cada 50 pessoas que concluem o curso superior. Na Coreia do Sul, esse número é de um engenheiro para quatro graduados; e, no México, a relação é de um engenheiro para 20 graduados.
Em números absolutos, o Brasil também perde para outros países emergentes. Na Coreia, 90 mil engenheiros são formados por ano; na Índia, 220 mil; e, na China, 650 mil (incluindo-se, neste caso, 250 mil que têm formação assemelhada ao dos tecnólogos).
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Governo lança até abril nova etapa de projeto de incentivo à formação profissional em setores estratégicos
O Globo
Publicado em 21 de Fevereiro de 2011
Já não é de agora que os empresários sinalizam a grande dificuldade de encontrar profissionais qualificados para determinadas áreas, em especial engenheiros. Atento às reivindicações dos empregadores, o governo federal pretende lançar, até abril, a segunda etapa da Política de Desenvolvimento da Produção (PDP2) que, entre outras metas, deverá contemplar a formação profissional e técnica para setores estratégicos que tendem a crescer nos próximos anos, como a construção civil e a área de petróleo e gás.
- Sem sombras de dúvida, o nível técnico médio é o segmento que mais carência apresenta, mas também estamos com falta de profissionais de nível superior. Soldadores, eletricistas, encanadores, pintores industriais, instrumentistas, caldereiros, técnicos de enfermagem, inspetores de qualidade, além de engenheiros em geral estão em falta no mercado - diz Quintela, da Sampling Planejamento.
Segundo o empresário, o Brasil precisa investir muito e rapidamente nas escolas técnicas, estimulando os jovens para suprir o déficit de mão de obra que já existe e está crescente. Ele aponta também que geólogos, geógrafos, enfermeiros, biólogos e especialistas em tecnologia de petróleo e gás estão entre os mais requisitados pelas empresas.
Levantamento da CNI aponta que há uma grande procura por novos profissionais nos seguintes setores:
alimentos (engenheiros de alimentos e técnicos e químicos de desenvolvimento);
construção civil (engenheiros e trabalhadores da construção civil);
confecção do vestuário (trabalhadores da confecção);
metal mecânica (técnicos em mecânica e operadores);
eletro-eletrônica (técnicos);
calçados (técnicos e designers);
petróleo e gás (engenheiros e soldadores);
indústria automotiva (técnicos e operadores);
indústria química (químicos e técnicos de desenvolvimento e operadores de produção);
celulose e papel (técnicos e operadores de produção);
indústria têxtil (engenheiros e técnicos);
móveis (supervisores de produção e designers);
metalurgia e siderurgia (engenheiros de materiais e de automação);
e setor sucroalcooleiro (engenheiros e técnicos de laboratório).
Um estudo deverá ser conduzido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, para identificar outras áreas onde há falta de profissionais qualificados. A pesquisa deverá ser apresentada em até 60 dias. Para agilizar os trabalhos, o governo elegeu a Confederação Nacional da Indústria (CNI) como coordenadora da interlocução que manterá com a indústria brasileira para a elaboração da segunda etapa do PDP2.
Segundo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, há um sentimento de urgência por parte do governo no sentido de definir a PDP2 e a CNI vai contribuir muito para isso. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, informou que o fórum colherá e ordenará as contribuições da indústria até o final de fevereiro, e as encaminhará ao Ministério do Desenvolvimento e ao BNDES em 1º de março.
Embora tardia, a iniciativa do governo é um dos caminhos para evitar o apagão de mão de obra nesses setores, afirma Fernando Quintela, CEO da Sampling Planejamento, empresa especializada em consultoria e treinamentos nas áreas de petróleo e gás, segurança do trabalho, saúde ocupacional e meio ambiente:
- Sem capacitação, o Brasil sofrerá uma carência significativa e comprometedora de mão de obra especializada. Com isso, a economia do país poderá necessitar de importação de profissionais.
E foi justamente a necessidade de formação de mão de obra especializada que fez com que os ministros da Educação, Fernando Haddad, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, se reunissem esta semana para discutir as linhas gerais do que está sendo chamado de plano nacional de acesso à educação profissional.
Haddad acredita que o MDIC poderá oferecer os subsídios sobre os cursos técnicos prioritários, já que tem o mapeamento das demandas do setor privado, das fronteiras de expansão e do parque produtivo.
Após o encontro com o colega do MEC, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, ressaltou que a escola técnica é o gargalo imediato e assinalou que o governo terá política para as atuais necessidades do mercado, mas também terá planejamento a longo prazo, para os próximos quatro ou cinco anos.
Além do ensino técnico, o ensino superior também está entre as preocupações do governo, diz Haddad, acrescentando que o MEC conhece as deficiências na área de formação em engenharia. Ele afirma que há muitos brasileiros dispostos a cursar engenharia, mas a capacidade de absorver alunos é menor do que a demanda do mercado. O ministro ressalta que, se regionalizarmos, verifica-se que há estados que são fronteiras de expansão industrial, mas sem oferta de engenharias.
Publicado em 21 de Fevereiro de 2011
Já não é de agora que os empresários sinalizam a grande dificuldade de encontrar profissionais qualificados para determinadas áreas, em especial engenheiros. Atento às reivindicações dos empregadores, o governo federal pretende lançar, até abril, a segunda etapa da Política de Desenvolvimento da Produção (PDP2) que, entre outras metas, deverá contemplar a formação profissional e técnica para setores estratégicos que tendem a crescer nos próximos anos, como a construção civil e a área de petróleo e gás.
- Sem sombras de dúvida, o nível técnico médio é o segmento que mais carência apresenta, mas também estamos com falta de profissionais de nível superior. Soldadores, eletricistas, encanadores, pintores industriais, instrumentistas, caldereiros, técnicos de enfermagem, inspetores de qualidade, além de engenheiros em geral estão em falta no mercado - diz Quintela, da Sampling Planejamento.
Segundo o empresário, o Brasil precisa investir muito e rapidamente nas escolas técnicas, estimulando os jovens para suprir o déficit de mão de obra que já existe e está crescente. Ele aponta também que geólogos, geógrafos, enfermeiros, biólogos e especialistas em tecnologia de petróleo e gás estão entre os mais requisitados pelas empresas.
Levantamento da CNI aponta que há uma grande procura por novos profissionais nos seguintes setores:
alimentos (engenheiros de alimentos e técnicos e químicos de desenvolvimento);
construção civil (engenheiros e trabalhadores da construção civil);
confecção do vestuário (trabalhadores da confecção);
metal mecânica (técnicos em mecânica e operadores);
eletro-eletrônica (técnicos);
calçados (técnicos e designers);
petróleo e gás (engenheiros e soldadores);
indústria automotiva (técnicos e operadores);
indústria química (químicos e técnicos de desenvolvimento e operadores de produção);
celulose e papel (técnicos e operadores de produção);
indústria têxtil (engenheiros e técnicos);
móveis (supervisores de produção e designers);
metalurgia e siderurgia (engenheiros de materiais e de automação);
e setor sucroalcooleiro (engenheiros e técnicos de laboratório).
Segundo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, há um sentimento de urgência por parte do governo no sentido de definir a PDP2 e a CNI vai contribuir muito para isso. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, informou que o fórum colherá e ordenará as contribuições da indústria até o final de fevereiro, e as encaminhará ao Ministério do Desenvolvimento e ao BNDES em 1º de março.
Embora tardia, a iniciativa do governo é um dos caminhos para evitar o apagão de mão de obra nesses setores, afirma Fernando Quintela, CEO da Sampling Planejamento, empresa especializada em consultoria e treinamentos nas áreas de petróleo e gás, segurança do trabalho, saúde ocupacional e meio ambiente:
- Sem capacitação, o Brasil sofrerá uma carência significativa e comprometedora de mão de obra especializada. Com isso, a economia do país poderá necessitar de importação de profissionais.
E foi justamente a necessidade de formação de mão de obra especializada que fez com que os ministros da Educação, Fernando Haddad, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, se reunissem esta semana para discutir as linhas gerais do que está sendo chamado de plano nacional de acesso à educação profissional.
Haddad acredita que o MDIC poderá oferecer os subsídios sobre os cursos técnicos prioritários, já que tem o mapeamento das demandas do setor privado, das fronteiras de expansão e do parque produtivo.
Após o encontro com o colega do MEC, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, ressaltou que a escola técnica é o gargalo imediato e assinalou que o governo terá política para as atuais necessidades do mercado, mas também terá planejamento a longo prazo, para os próximos quatro ou cinco anos.
Além do ensino técnico, o ensino superior também está entre as preocupações do governo, diz Haddad, acrescentando que o MEC conhece as deficiências na área de formação em engenharia. Ele afirma que há muitos brasileiros dispostos a cursar engenharia, mas a capacidade de absorver alunos é menor do que a demanda do mercado. O ministro ressalta que, se regionalizarmos, verifica-se que há estados que são fronteiras de expansão industrial, mas sem oferta de engenharias.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Precisamos mesmo de mais engenheiros?
Neste texto do professor Ronaldo Salvagni, para o Estado de São Paulo, são colocadas algumas ideias sobre a real necessidade de formação de mais engenheiros. Muito longe de buscar apresentar argumentação contraditória, suas posições devem ser consideradas no planejamento e agenda do país para os próximos anos.
Em nossa leitura, o que o professor quer dizer complementa nosso texto sobre A Formação do Indivíduo Pensante na Engenharia, publicado recentemente. Na verdade, não adianta formar muito do mesmo, daquilo que não vem para criar o novo, mas apenas rever o antigo. Neste caso, melhor seria formar outros profissionais, e rever nossas matrizes de formação para um novo cenário mundial e forte concorrência tecnológica.
Precisamos mesmo de mais engenheiros?
Por: Ronaldo de Breyne Salvagni, engenheiro naval e professor titular da Poli-USP, para o Estado de S.Paulo
Publicado em 21 de Fevereiro de 2011
Os noticiários têm destacado a falta de engenheiros no País. Enquanto a China forma 400 mil engenheiros por ano e a Índia uns 300 mil, formamos menos de 40 mil. Nossos dirigentes e líderes falam em PACs e concluem que nos faltam engenheiros. Mesmo que não levemos em conta a diferença de população, será mesmo verdade? Será que não estão faltando apenas técnicos um pouco mais qualificados e administradores mais competentes?
A atividade fundamental do engenheiro é o projeto de novos produtos ou processos. Num segundo nível, ele atua também na operação - obra ou chão de fábrica - para fiscalizar ou resolver imprevistos. A engenharia tem que ver com projeto, o que significa tecnologia, inovação, know-how, patentes, conhecimento próprio e independência. No Brasil, com raras e honrosas exceções, empresas apenas fabricam ou montam produtos aqui. O projeto e a tecnologia vêm de fora, empregamos nossos engenheiros só na operação, geralmente em funções que técnicos mais bem treinados ou administradores capazes poderiam desempenhar.
O Brasil tem se destacado em pesquisa científica, com crescente produção de papers, estando agora entre os 15 países mais produtivos. Porém sua produção tecnológica é quase zero, insignificante. Isso implica total dependência de tecnologia estrangeira. Aqui, as universidades só fazem pesquisas acadêmicas. Novamente com raras e honrosas exceções, empresas não fazem pesquisa nem projeto no Brasil - multinacionais, porque fazem isso na matriz, e nacionais, porque não fazem mesmo, apenas compram ou licenciam projetos no exterior.
Não tem havido a noção de que tecnologia própria é estratégica para o País. Se o Brasil quiser ocupar um espaço real no cenário global, precisa ter independência tecnológica. Não precisa propriamente de mais engenheiros. Precisa é de empresas nacionais que precisam realmente de engenheiros. Aí sim, eles vão faltar, sem dúvida. No setor automotivo, por exemplo, que está batendo recordes de produção e vendas (perto de 4 milhões de veículos, em 2010), o Brasil tem 25 montadoras e 500 fornecedores de autopeças, segundo a Anfavea. Algumas dessas empresas desenvolvem projetos aqui, mas a maioria apenas fabrica (eventualmente, com pequenas adaptações) ou importa peças, e monta os veículos no Brasil, com projeto e tecnologia estrangeiros. A Zona Franca de Manaus é um exemplo acabado da "indústria" de simples montagem de kits importados (os CKDs), mas que recebem o selinho de "indústria brasileira" (!).
Diz-se que o problema brasileiro está no cumprimento de prazos e qualidade. Isso, entretanto, não é problema de engenharia, é mais de administração. Engenheiros costumam assumir a administração no País, mas isso é "desvio de função". Empresas querem engenheiros com "capacidade de liderança", "formação multidisciplinar", "iniciativa e espírito de competição", isso é, um super-homem com profundos conhecimentos técnicos e, além disso, um administrador extremamente competente. Como formar esse "administrador de luxo" em cinco anos de curso? Isso não acontece em países civilizados. Lá se formam engenheiros competentes, em engenharia, e administradores competentes, em administração.
Por paradoxal que pareça, um dos empecilhos ao desenvolvimento nacional é a política industrial, simplista e obsoleta, de substituição de importações, adotada recorrentemente por sucessivos governos. Isso só leva ao protecionismo e à estagnação do desenvolvimento local. A China (ver New York Times, http://nyti.ms/dL2zp3) e a Coreia do Sul, ao contrário, adotaram a política de produção industrial voltada para a exportação, expondo suas indústrias à competição internacional e forçando seu desenvolvimento de forma fantástica. A estratégia sadia e correta não é impedir empresas estrangeiras de virem aqui competir com as nossas. O certo seria incentivar e apoiar empresas brasileiras para competirem com (e ganharem das) estrangeiras na arena global.
Em nossa leitura, o que o professor quer dizer complementa nosso texto sobre A Formação do Indivíduo Pensante na Engenharia, publicado recentemente. Na verdade, não adianta formar muito do mesmo, daquilo que não vem para criar o novo, mas apenas rever o antigo. Neste caso, melhor seria formar outros profissionais, e rever nossas matrizes de formação para um novo cenário mundial e forte concorrência tecnológica.
Precisamos mesmo de mais engenheiros?
Por: Ronaldo de Breyne Salvagni, engenheiro naval e professor titular da Poli-USP, para o Estado de S.Paulo
Publicado em 21 de Fevereiro de 2011
Os noticiários têm destacado a falta de engenheiros no País. Enquanto a China forma 400 mil engenheiros por ano e a Índia uns 300 mil, formamos menos de 40 mil. Nossos dirigentes e líderes falam em PACs e concluem que nos faltam engenheiros. Mesmo que não levemos em conta a diferença de população, será mesmo verdade? Será que não estão faltando apenas técnicos um pouco mais qualificados e administradores mais competentes?
A atividade fundamental do engenheiro é o projeto de novos produtos ou processos. Num segundo nível, ele atua também na operação - obra ou chão de fábrica - para fiscalizar ou resolver imprevistos. A engenharia tem que ver com projeto, o que significa tecnologia, inovação, know-how, patentes, conhecimento próprio e independência. No Brasil, com raras e honrosas exceções, empresas apenas fabricam ou montam produtos aqui. O projeto e a tecnologia vêm de fora, empregamos nossos engenheiros só na operação, geralmente em funções que técnicos mais bem treinados ou administradores capazes poderiam desempenhar.
O Brasil tem se destacado em pesquisa científica, com crescente produção de papers, estando agora entre os 15 países mais produtivos. Porém sua produção tecnológica é quase zero, insignificante. Isso implica total dependência de tecnologia estrangeira. Aqui, as universidades só fazem pesquisas acadêmicas. Novamente com raras e honrosas exceções, empresas não fazem pesquisa nem projeto no Brasil - multinacionais, porque fazem isso na matriz, e nacionais, porque não fazem mesmo, apenas compram ou licenciam projetos no exterior.
Não tem havido a noção de que tecnologia própria é estratégica para o País. Se o Brasil quiser ocupar um espaço real no cenário global, precisa ter independência tecnológica. Não precisa propriamente de mais engenheiros. Precisa é de empresas nacionais que precisam realmente de engenheiros. Aí sim, eles vão faltar, sem dúvida. No setor automotivo, por exemplo, que está batendo recordes de produção e vendas (perto de 4 milhões de veículos, em 2010), o Brasil tem 25 montadoras e 500 fornecedores de autopeças, segundo a Anfavea. Algumas dessas empresas desenvolvem projetos aqui, mas a maioria apenas fabrica (eventualmente, com pequenas adaptações) ou importa peças, e monta os veículos no Brasil, com projeto e tecnologia estrangeiros. A Zona Franca de Manaus é um exemplo acabado da "indústria" de simples montagem de kits importados (os CKDs), mas que recebem o selinho de "indústria brasileira" (!).
Diz-se que o problema brasileiro está no cumprimento de prazos e qualidade. Isso, entretanto, não é problema de engenharia, é mais de administração. Engenheiros costumam assumir a administração no País, mas isso é "desvio de função". Empresas querem engenheiros com "capacidade de liderança", "formação multidisciplinar", "iniciativa e espírito de competição", isso é, um super-homem com profundos conhecimentos técnicos e, além disso, um administrador extremamente competente. Como formar esse "administrador de luxo" em cinco anos de curso? Isso não acontece em países civilizados. Lá se formam engenheiros competentes, em engenharia, e administradores competentes, em administração.
Por paradoxal que pareça, um dos empecilhos ao desenvolvimento nacional é a política industrial, simplista e obsoleta, de substituição de importações, adotada recorrentemente por sucessivos governos. Isso só leva ao protecionismo e à estagnação do desenvolvimento local. A China (ver New York Times, http://nyti.ms/dL2zp3) e a Coreia do Sul, ao contrário, adotaram a política de produção industrial voltada para a exportação, expondo suas indústrias à competição internacional e forçando seu desenvolvimento de forma fantástica. A estratégia sadia e correta não é impedir empresas estrangeiras de virem aqui competir com as nossas. O certo seria incentivar e apoiar empresas brasileiras para competirem com (e ganharem das) estrangeiras na arena global.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Minha homenagem à Paulo de Tarso Alvim
Baseado em texto da Academia Brasileira de Ciências
Seu pioneirismo no campo da Fisiologia Vegetal foi logo reconhecido, tendo resultado em convite formulado pelo Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas (IICA/OEA), o que o levou a trabalhar por 12 anos em diversos países da América Latina, principalmente na Costa Rica e no Peru.
Casado com Simone Maria Cerqueira Alvim, é pai de seis filhos, dos quais merecem destaque Fátima Cerqueira Alvim, minha querida prima e colega na UESC, e meu outro primo Alexandre Alvim, tão próximo quanto um irmão. Era tio de Ronald Alvim, meu pai, falecido em 1993, e também ex-ceplaqueno.
Paulo de Tarso Alvim
1919- 2011
Paulo de Tarso Alvim passou sua infância e adolescência em sua cidade natal, Ubá (MG), onde fez seus cursos primário e secundário no Colégio Brasileiro e no Ginásio Mineiro Raul Soares, respectivamente. Órfão de pai aos dois anos de idade, sua educação, assim como a de seus três irmãos maiores, ficou sob a responsabilidade de sua mãe, que para tanto exerceu por muitos anos a profissão de costureira.
Em 1937, prestou vestibular para o curso de agronomia na Escola Superior de Agricultura e Veterinária do Estado de Minas Gerais (ESAV), hoje Universidade Federal de Viçosa (UFV), sendo aprovado em 3º lugar entre 130 candidatos. Formado Engenheiro Agrônomo em dezembro de 1940, foi convidado para ser Professor Assistente de Botânica na ESAV onde, com o apoio de Octávio de Almeida Drumond, ministrou em 1943 o primeiro curso de Fisiologia Vegetal oferecido no Brasil para estudantes de Agronomia.
Em 1945, por indicação da própria ESAV, foi agraciado com uma bolsa de estudos do "International Institute of Education" para fazer curso de pós-graduação na Universidade de Cornell (EUA), onde, em janeiro de 1948, obteve o título de PhD em Fisiologia Vegetal com tese sobre o tema "Studies on the mechanism of stomatal behavior".
Ao retornar, iniciou pesquisas sobre fsiologia de plantas cultivadas e sobre a ecologia dos cerrados. Demonstrando a estreita correlação entre esse tipo de vegetação e as características químicas do solo, contribuiu para as técnicas de manejo do solo que permitiram a expansão da agricultura na região dos campos cerrados.
Em 1949, por ocasião do 2º Congresso Sul-Americano de Botânica, em Tucumán, Argentina, coordenou o movimento que resultou na criação da Sociedade Botânica do Brasil, atualmente com mais de 2000 associados.
Seu pioneirismo no campo da Fisiologia Vegetal foi logo reconhecido, tendo resultado em convite formulado pelo Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas (IICA/OEA), o que o levou a trabalhar por 12 anos em diversos países da América Latina, principalmente na Costa Rica e no Peru.
Entre 1951 e 1955, foi pesquisador e professor da Escola de Pós-Graduação do IICA em Turrialba, Costa Rica, onde realizou pesquisas sobre fisiologia da produção do cacaueiro e do cafeeiro e orientou cinco teses de mestrado.
Suas pesquisas contribuíram significativamente para aumento da produtividade dos cafezais daquele país. Entre 1955 e 1962 atuou no IICA de Lima (Peru), onde colaborou com a Universidad Nacional Agrária "La Molina" no ensino de Fisiologia Vegetal e na implantação de sua escola de pós-graduação.
Nesse período, orientou cerca de trinta estudantes na redação de teses de graduação e/ou mestrado. Suas pesquisas com cultivos irrigados permitiram-lhe descobrir o fenômeno a que denominou "hidroperiodismo", relacionado com o mecanismo da floração do cafeeiro e de outras espécies tropicais, além de ter inventado o primeiro porômetro portátil para avaliar o grau de abertura dos estômatos em condições de campo, conhecido na literatura especializada como "Porômetro de Alvim".
Em 1963, colaborou com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) nos trabalhos de planejamento e implantação do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC). Foi o principal dirigente técnico da CEPLAC durante 25 anos (1963 a 1988), período em que a produção brasileira de cacau registrou o maior aumento de sua história, passando de uma média anual de 130 mil t/ano em 1961-1965 para 380 mil t/ano em 1983-1988. Na Amazônia, a produção que era de 2 a 3 mil t/ano, elevou-se para 50 a 60 mil t/ano.
Aposentado da CEPLAC em 1989, foi até 1998 Presidente da Fundação Pau-Brasil (ONG), dedicada a atividades conservacionistas e a estudos sobre agricultura sustentável em regiões tropicais úmidas.
Aposentado da CEPLAC em 1989, foi até 1998 Presidente da Fundação Pau-Brasil (ONG), dedicada a atividades conservacionistas e a estudos sobre agricultura sustentável em regiões tropicais úmidas.
Como Professor Honorário da UFBA, orientou estudantes de mestrado nos laboratório de Fisiologia Vegetal do CEPEC. Publicou cerca de duas centenas de trabalhos técnico-científicos (em revistas, capítulos de livros, anais de conferências), cinco livros (como editor e co-autor), e pronunciou centenas de conferências em Congressos nacionais e internacionais.
Casado com Simone Maria Cerqueira Alvim, é pai de seis filhos, dos quais merecem destaque Fátima Cerqueira Alvim, minha querida prima e colega na UESC, e meu outro primo Alexandre Alvim, tão próximo quanto um irmão. Era tio de Ronald Alvim, meu pai, falecido em 1993, e também ex-ceplaqueno.
Meu tio-avô Paulo foi a principal inspiração na minha carreira acadêmica. Foi minha referência e amparo quando precisei de conselhos, em especial depois da perda de meu pai.
Qualquer palavra nesse momento será insuficiente para descrever o sentimento de vazio deixado, apenas compensado por suas enormes contribuições à ciência, que continuam vivas e eternizando seu trabalho.
Homem de honestidade inquestionável, esperamos que seus ensinamentos e ideais possam de alguma maneira continuar inspirando nossos caminhos diante dos enormes desafios que temos pela frente.
Ricardo Alvim
18 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
A FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO PENSANTE NA ENGENHARIA
Por: Ricardo Alvim
Professor Titular da UESC
A formação de um "engenheiro indivíduo", com ideias próprias e capaz de inovar, não é tarefa das mais fáceis, especialmente se considerada a onda de massificação do ensino superior e busca por números de formados, deixando, por vezes, de lado a qualidade dessa formação. O estudante sai da faculdade “formatado”, em poucos casos informado, mas jamais formado.
Vamos então lembrar o que pensava o grande filósofo alemão, Arthur Schopenhauer sobre o papel da formação nas universidades (Danzig, 22 de Fevereiro 1788 — Frankfurt, 21 de Setembro 1860).
Primeiro, para trazer ao contexto dos cursos de engenharia, ou da profissão de engenheiro, o pensamento de Schopenhauer sobre a arte da escrita e do pensamento na formação do homem individualizado, antes de tudo, precisa-se abandonar seus próprios ensinamentos.
Crítico atroz das meras reproduções do pensamento humano, Schopenhauer não se contentava em provocar. Seu pensamento ácido e agressivo provocava em seus leitores, à primeira vista, um sentimento de inquietação. Sobretudo, considerando suas contundentes opiniões sobre a arte da tradução: “Escreva seus próprios livros dignos de serem traduzidos e deixe outras obras como elas são.”, em seu texto Sobre a Escrita e o Estilo.
Mas o que isso pode contribuir para a formação de um engenheiro? É simples. Hoje, no Brasil a formação do engenheiro é medida apenas por números, ficando de lado o caráter individualizado da formação, com exceção de poucos centros de excelência. Isso quer dizer que prefere-se formar o óbvio e “aquilo que é buscado pelo mercado” do que um profissional novo, capaz de recriar sua própria formação.
Vamos tomar inicialmente os pensamentos do filósofo Schopenhauer sobre o ensino em si, e consequentemente a posição do estudante. De acordo com essas ideias, nenhum estudante deveria ter permissão para freqüentar a universidade antes de completar vinte anos, onde teria a maturidade para melhor escolher a profissão. Depois deveria ser, por força de lei, no primeiro ano, obrigado a fazer apenas os cursos de filosofia.
Ora, tal pensamento, se não forçado por lei, caberia ser avaliado nos dias de hoje, seja pela imaturidade verificada na chegada dos estudantes no ensino superior, e disfarçada nos bancos do ensino médio, ou pela grande ansiedade e cobrança do mercado e sociedade pela formação rápida e muitas vezes incompleta dos jovens graduandos.
Disso decorre nosso primeiro argumento pela formação plena do indivíduo: a formação do engenheiro deve ser ampla e irrestrita.
Para isso, o primeiro passo se dá com o alargamento do tempo de formação, onde permite-se maior contato com o saber, do básico ao técnico. Defesa que se faz presente na opção por cursos de engenharia mais longos.
São absurdas as leituras da legislação vigente para as 3600 horas mínimas de formação do engenheiro, da RESOLUÇÃO CNE/CES 11, DE 11 DE MARÇO DE 2002. Esse deveria ser o mínimo para a formação específica, somadas apenas as matérias básicas da área de formação.
Como afirma o emérito professor Péricles B. Fusco, da USP: “a formação de um engenheiro deve ser composta por uma combinação harmoniosa de conhecimentos científicos e técnicos, complementados por conhecimentos humanísticos que lhe permitam uma compreensão social do seu trabalho”. E como fazer isso sem o fator tempo?
Essa formação deve ser assim harmoniosa, pois a função complementar do conhecimento não deve ter um caráter estanque, mas persuasivo, entremeado no exercício profissional. E isso só se dá respeitando-se o poder da reflexão do indivíduo sobre o conhecimento adquirido, que só converge no tempo.
E então propõe-se a segunda instância e elemento da formação do engenheiro: o conceito vale mais que a aplicação.
Os fundamentos humanísticos na formação são de fundamental importância, sobretudo quando são cercados pela realidade do metiê, em consonância com um velho ditado espanhol: mas sabe el necio en su casa, que el sabio en La agena [mais sábio o ignorante em sua casa do que o sábio na casa alheia]. Não adianta, pois, o ensinamento do pensamento alheio, mas a vivência dos seus próprios valores.
Então, na construção do pensamento amplo do exercício da inovação é necessário rever a própria função docente, permitindo o contato do professor com empresas e mercado. Os professores, inteirados das necessidades nos diferentes setores da sociedade, aplicam seus fundamentos teóricos e permitem-se criar novas aplicações desse conhecimento, indo ao encontro das demandas existentes ou na criação de novas oportunidades, empurrando a barreira do conhecimento vigente e inovando. E permitindo, por meio da pesquisa e desenvolvimento, tornar o aluno apto não apenas a conhecer o seu metiê, mas criar novos nichos de atuação.
Tais propostas parecem óbvias, uma vez que já foram exploradas por instituições de ensino por todo o país, mais como propagando do que realmente como valores e práticas vigentes. A velha campanha para o “aprender na prática” ficou tão surrada quanto a incapacidade de verificar os reais motivos pelos quais tal modelo não funciona no ensino superior. E os profissionais formados são então rejeitados pelo mercado.
Verdadeiramente, fazer apreender na prática não é uma fórmula unilateral, onde apenas trazer os problemas de mercado para a academia não é suficiente. É necessário buscar novas fronteiras para o saber. O que é apenas possível ao revisitar as ciências básicas, pouco valorizada em nosso país.
Disso vem a última, e não menos importante, ideia: a formação do indivíduo é sempre uma tarefa única, indivisível e que não pode ser massificada.
A grande diferença na formação das principais instituições de engenharia no mundo, consideradas centros de excelência, é que nestas escolas não se forma um indivíduo para o mercado, mas um mercado novo na forma de um indivíduo.
Isto é, o profissional formado por essas escolas cria e recria muitas vezes sua própria profissão. Seja pela inovação, e pela capacidade de criar novas soluções para problemas antigos, novas leituras de produtos e serviços, ou seja, novas tecnologias.
O que devemos buscar então? Novos engenheiros ou “novas engenharias”?
Tempo, conceito e individualização do conhecimento são três elementos fundamentais nos dias de hoje para forçar as barreiras tecnológicas no país, retomar o rumo da inovação e liderar setores tecnológicos ainda não criados. Isso renderá, certamente, mais progresso ao Brasil do que apenas engenheiros em número.
As “novas engenharias” são na verdade novas formas de engenhar, buscar soluções e criar novas técnicas. Técnicas pautadas, em sua mais profunda base, em ciência pura, na capacidade de abstrair e na lógica.
Inovar na engenharia é preciso, como precisa, e única, é a receita para a inovação.
As Ciências Exatas devem ser essa base, em todas as suas formas puras e capacidades. Para formar não o pensamento escravo da razão alheia, mas novas ideias, livres e originais. Onde o banco da escola passa a ser um elemento secundário na formação. E não um processo de transmissão passiva do conhecimento.
O aprendiz só é verdadeiramente ativo nesse processo de apreender quando se torna independente do mesmo. E só nasce para esse fim quando consegue olhar para si mesmo de forma individualizada.
Transcorrido certo tempo, vem a capacidade de abstrair. De imaginar novas fronteiras. Observada a barreira do conhecimento não pela fórmula alheia, mas pelo questionamento das regras vigentes.
A concepção desse novo aparato apresenta-se então pelo questionamento das formas e das funções das coisas no mundo real. Nesse momento, devemos perguntar se estamos concebendo o novo ou rebatizando o que já existe.
E a universidade é apenas o primeiro passo nesse processo.
Ponte ecológica
No Brasil, é chegado o momento de rediscutir a infraestrutura instalada e a futura. Por isso, novas ideias para antigas soluções devem ser apresentadas. Na Itália, um projeto recentemente apresentados para uma "ponte ecológica" poderia servir de exemplo e inspiração para novos projetos no Brasil, especialmente se considerado o potencial eólico do nosso país.
O conceito, batizado de Solar Wind, é criação dos desenhistas Francesco Colarossi, Giovanna Saracino e Luisa Saracino, que ficaram em segundo em um concurso para criar uma ponte ideal, que ligasse as áreas de Bagnara Calabra e Scilla, na Itália.
A ponte teria 20 quilômetros, e as turbinas na parte inferior gerariam eletricidade suficiente para distribuir energia para 15 mil casas por ano. Os painéis solares também gerariam eletricidade, e as áreas verdes teriam pequenas lojas de frutas e vegetais dos agricultores locais.
O conceito, batizado de Solar Wind, é criação dos desenhistas Francesco Colarossi, Giovanna Saracino e Luisa Saracino, que ficaram em segundo em um concurso para criar uma ponte ideal, que ligasse as áreas de Bagnara Calabra e Scilla, na Itália.
A ponte teria 20 quilômetros, e as turbinas na parte inferior gerariam eletricidade suficiente para distribuir energia para 15 mil casas por ano. Os painéis solares também gerariam eletricidade, e as áreas verdes teriam pequenas lojas de frutas e vegetais dos agricultores locais.
Para se pensar...
Assinar:
Postagens (Atom)