Em 1163, o Bispo Maurice de Sully colocou a primeira pedra daquilo que seria considerada a glória da arquitetura gótica, a catedral de Notre-Dame, em Paris. O projeto, extremamente ambicioso, levou quase 200 anos para ser completado. Suas torres possuem 69 metros de altura, e Notre-Dame era a maior construção religiosa até o século 13 na Europa ocidental. A nave central, cercada por um conjunto singular de estruturas de enrijecimento das abóbadas, na forma de arcos góticos, não se configurava apenas em um marco para época. A cobertura da nave central pesa 210 toneladas e é suportada por um conjunto de colunas que circulam toda a nave central. Suas formas exuberantes são soluções de engenharia consideradas elegantes e modernas até hoje.
O edifício tem 127 metros de comprimento, 48 metros de largura e 35 metros de altura. A estrutura é fechada em cima pelas abóbadas. As abóbadas são construções em forma de arco com as quais se cobriam espaços compreendidos entre muros, pilares ou colunas. Compõem-se de peças lavradas em pedra especialmente para este fim, denominadas aduelas, ou de tijolos apoiados sobre uma estrutura provisória de madeira, o cimbre, que servia de escoramento.
As maciças colunas de fuste liso da nave, que acentuam a verticalidade, fazem a divisão em arcadas altas para as alas laterais e suportam uma tribuna (galeria), em que janelas para o exterior são abertas para deixar entrar mais luz.
Uma visita ao topo na Torre Sul permite contemplar peças de madeira (Carvalho) que se aproximam de 800 anos, com arranjos de ligação em entalhes e pinos metálicos ainda em excelente estado de conservação. Na torre encontra-se um magnífico sino que se pendura em uma estrutura de madeira igualmente robusta. Na verdade, toda a estrutura de sustentação que cerca o sino serve de piso para visitação.
Na parte externa, verificam-se ainda elementos marcantes da estrutura, como os arcobotantes dispostos no fundo da catedral, que servem não apenas como elementos estruturais de suporte as forças exercidas pela abóbada central, como também canaletas de escoamento de águas pluviais. Os arcobotantes, que fluem da zona superior da parede do coro, onde a impulsão da abóbada para o exterior se concentra, prolongam-se até aos contrafortes, não de forma pesada, mas transmitindo leveza e harmonia. O arcobotante (ou botaréu) é uma construção em forma de meio arco, erguida na parte exterior dos edifícios românicos e góticos para apoiar as paredes e repartir o peso das paredes e colunas. Desse modo, se conseguia aumentar as alturas das edificações, conferindo a construção forma (beleza) e função (estrutura). O arcobotante liga-se ao contraforte, e estes, ligados, auxiliam na sustentação do peso da abóbada.
Circundando e conferindo estilo a catedral, as gárgulas distribuídas na fachada cumprem função de desaguadouros, sendo parte saliente das calhas dos telhados que se destinam a escoar águas pluviais, mas com requintes artísticos e motivos inusitados, com toques sombrios dos artefatos que lembram dragões e outras bestas.